segunda-feira, 27 de maio de 2013

O Vitimismo (?) de Cláudia Regina

Eram umas duas e meia da manhã.

Roberta estava sozinha na rua. O frio lhe cobria as pernas nuas como lã de gelo. Seus cabelos se encontravam soltos, dependurados pelas têmporas. O passo apressado e o olhar alerta eram sintomas do terrível pânico que lhe assomava. De repente, no beco adiante, em meio a uma pálida luz amarela do velho poste, surgem dois homens. Um maior vestindo um capuz, robusto, e outro menor, mais franzino, de tez mais escura. Eles se aproximam lentamente e os passos parecem tomar uma rota definida em sua direção. Roberta estremece e seu coração palpita na garganta. Próximos pelo menos uns três metros, Roberta desvia o olhar e acelera o passo na direção da parede, se afastando da linha na qual os dois se equilibravam. Entretanto, ouve-se um assobio. Era a famosa e efêmera canção masculina da sedução: “fiu-fiu”. Os dois viram-se rapidamente em direção de Roberta e o mais alto comenta ruidosamente “Tá sozinha a essa hora, boneca?”. Eles vão embora, às gargalhadas. Roberta, aliviada segue seu caminho.

A situação é fictícia, mas a essência é rotineira na vida de uma mulher. O pavor sentido por Roberta também. Mas ele é normal? Li recentemente um texto escrito por Cláudia Regina, intitulado “Como se sente uma mulher”, postado no blog Papo de Homem cuja recepção foi rodeada de críticas das mais severas. O texto fala do sentimento de ser mulher na sociedade moderna. Discursa sobre estupro, assédio, machismo e liberdade sexual. Nada anormal. Porém os comentários que discordavam do texto me chamaram atenção.

Os comentaristas apelaram para um termo interessante: Vitimismo. A oração seria de que o texto era dramático e possuía uma alta carga de autopiedade e vitimização da mulher dentro das circunstâncias apontadas no texto. Os críticos – vejam ora essa, homens – acusavam a autora de usar o discurso de “coitadismo” para não alegar a própria torpeza. Vamos analisar o porquê desta reação coletiva masculina contra o texto.

Primeiramente, vou deixar claro que a reação não se atrela ao machismo. Como? O machismo tem como um dos seus princípios de que a mulher é inferior ao homem. A válvula de razão do coitadismo se respalda no conceito machista do ser feminino. A nossa reação está muito atrelada à nova realidade e organização social: A igualdade dos sexos. Essa nova ordem social afeta e muito o modo como os homens veem as mulheres. O pé de igualdade torna as mulheres seres humanos como os homens enxergam a si próprios. Porém a forma que os homens se enxergam difere em muito do modo feminino. Entretanto - para os homens - qualquer discurso “sexista” que se respalda na diferença dos sexos é considerado absurdo.

Os homens se esquecem de que o mundo feminino é muito mais subjetivo do que o masculino. Muitas impressões sociais femininas são emocionais ou estão ligadas a conceitos complexos.

Um homem não admite estar errado quando assobia ou “canta” uma mulher na rua, pois o que ele vê são propagandas de esmaltes, tinturas, perfumes em que a mulher sorri quando isso ocorre. Um homem não admite o erro, pois toda mulher quer ser valorizada. Mas o mais importante é que o homem não admite que esteja assediando ninguém simplesmente porque “a mulher é forte” e “elas não são mais aquelas mulheres frágeis e delicadas”.

É tentador pensar que as mulheres são fortes emocionalmente falando, mas não pelo ponto de vista físico. O maior medo da mulher reside na sua fraqueza muscular naturalmente comparada à média masculina. Um homem consegue estupra-la usando apenas as mãos. Às vezes, se dispensa o uso de armas de fogo. A mulher sabe que se ela reagir pode ser muito pior. Mas e quanto às cantadas na rua? O caso aqui é semelhante, apenas não é físico. A mulher não vai reagir violentamente à cantada – salvo exceções –pois considera que será alvo de agressões verbais e até mesmo físicas. Acontece que o ato invade seu espaço íntimo. Cantada é diferente de elogio. Um elogio você pode referir também à mãe ou a irmã. A cantada tem um cunho sexual preponderante. Não se pode negar que uma mulher pode se sentir valorizada, mas às vezes o assobio ou cantada são seguidos de olhares nada educados. Nem toda mulher quer ser desejada sexualmente por um desconhecido para todos verem e ouvirem. Logo, isso é uma agressão sexual verbal e não verbal.

A mulher, na maior parte das vezes, não está vestida “para matar” por querer agradar a homens desconhecidos. Ela está assim para trabalhar porque pode ser maltratada por estar “mal vestida” ou “feia”. Seria algo assim: - Você é feia, mas com a roupa certa e a maquiagem bem feita pode melhorar. Você não se dá nem ao menos o trabalho de vir um pouquinho melhor para trabalhar? – Leia-se trabalhar, estudar, passear, comer, etc.

O princípio da alteridade é algo muito difícil para homens modernos. “Como eu vou me colocar no lugar de uma mulher se nós somos iguais?” Eles não conseguem mais.

A reação masculina ao que chamam de vitimismo é patética. Não há vitimismo. Há uma realidade e um sentimento coletivo. “Detesto esses discursos com gente choramingando por qualquer coisa”. O choro é para ser irritante mesmo, é para incomodar. É para causar não pena, mas comoção e apurar a sensibilidade humana. Não é sinônimo de fraqueza, mas de estrondo íntimo, aquele que utilizará não a sua capacidade de discernimento, mas a de compreensão e solidariedade. Faz sentido ser dificultoso para um homem se colocar no lugar de uma mulher quando ela se mostra forte, porém esta deseja que medos oriundos da fragilidade do seu mundo íntimo sejam compreendidos. O homem não entende, pois não é e, não sendo, julgará. Não se julga quando se é: Dá-se o veredicto.


E digo mais: Não se trata de um choro, mas de um uivo, pois está sendo respondido por todas as lobas que fazem parte da grande alcateia.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Crônica: A Convidada

 

A CONVIDADA



Ela se sentia subjugada. Sim, era assim que ela se sentia, mas não sabia por quê. Olhando Alicia tão ruiva e alta a fez uma pessoa pior por dentro. O sol da tarde queimava as pálpebras que se fechavam como o seu punho. Estava sentada na calçada feita de pedras portuguesas, no solado da porta azul gigante, na Rua das Carambolas.  Seu vestido rendado se espalhava pelo chão, envolvendo suas carnes brancas e coxas duras.  A expressão marcava seu rosto num quase dizer “Perdi”. Alicia não notou sua presença em momento algum.

Doutro lado da rua estava Marlon, vestido de blazer e roupa social. Nas mãos um buquê e no rosto um tímido sorriso. Alicia apressou o passo e atravessou a pequena rua onde só passavam bicicletas, cães e crianças. O sol preenchia aquele momento da mais fina alegria a qual não contagiava somente a menina Pamela, ainda jogada no meio-fio, com olhos fixos na ruiva que atravessava o logradouro. Marlon já exibia um sorriso cheio de entusiasmo quando Alicia chegara do outro lado, onde ele estava. Eram felizes.

Pamela não poderia ter evitado aquilo. O casamento seria hoje à noite e os noivos estavam retumbantes e irritantes. A menina que sentava sobre o fustigante solo quente apertava os olhos para ver o amor de longe. O ruivo de Alicia soava como uma provocação com frieza e elegância. Marlon era aquele peixinho dourado que Pamela nunca tivera e talvez nunca mais terá. Ao menos que... Pamela queime os papeis da sua moral. Aqueles papeis que nunca tiveram uma real importância para ela, entretanto a impediam de cometer o avesso social.  E vendo que a vida era uma só e que esta era maior que a de todos os seres existentes neste universo, Pamela queimou, rasgou, cremou os papeis.

Pamela levantou-se, cambaleante, pisou no seu vestido de criança adulta e marchou com os pés pesados para o outro lado da rua, onde estava o casal feliz. Passou o cachorro vira-lata, a bicicleta veloz e a criança melequenta. Apertou o próprio coração contra a mão – não o contrário – e ergueu um vulcão que expelia coragem de sua cratera. O céu ficou repleto de cinzas em suspensão. O clima mudara. Pamela agora estava com uma armadura feita de titânio, encrustada de diamantes e ouro. Segurava um punhal de bronze na mão esquerda e um escudo de granito na direita. Um rio de lava escorria pelo meio da rua e abismos gigantes surgiram do chão que esfarelara ao redor do casal. Estando a menos de 2 metros de Alicia e Marlon, Pamela emitiu um brado de fúria, estremecendo o ar, tornando os planetas apenas pó e ouvindo um eco da voz de Deus saindo das nuvens negras das cinzas.

- Muitas felicidades pra vocês dois!

- Ah obrigada... Qual seu nome mesmo, querida? – Perguntou Alicia.

- Pamela, com um éle só. P-A-M-E-L-A.

- Lindo nome! – Disse Marlon.

- Que horas vai ser o casamento? – Indagou Pamela.

- 19h, Pamela. Você vai, não é?! – Intimou Alicia.

- Claro! Amo casamentos!

E assim se despediram. Pamela vencera. Seu punhal atravessara as duas carcaças ao mesmo tempo, atravessando os pulmões de ambos. O sangue jorrara por todo lugar e se misturara à lava tingindo o solo de escarlate. Pamela descera a rua com orgulho de uma guerreira invicta, segurando a cabeça de seus inimigos no lado convexo do escudo, como uma bandeja. Bramiu com todo o ar do mundo, de cabeça erguida para o céu, bem longe de onde derrotara seus oponentes:

- Eu não vou pra esse casamento de merda! QUE SE FODA!      




sábado, 6 de outubro de 2012

Rótulos. Cap. 5: Os Gays.

Olá caros leitores, Voltei. Voltei após longos anos sem postar uma única gota neste blog abandonado às baratas. OK, não foi tanto tempo, mas dois anos já dá pra criar um filho, não? Como já havia proposto postar sobre os “rótulos” então resolvi retomar tudo, desde o último, como se nada tivesse acontecido (como se eu não tivesse quase perto de me formar esse ano, coisa que parecia tão longe em 2010... que saudade rs) e vou começar - como dizem por aí pelas esquinas do meu bairro, Guamá - começando.
O último post foi sobre os frios. Os homens, cientistas, insensíveis. Enfim... Você se identificou um pouco com este post. Fale a verdade. Todos nós temos uma frieza em algum momento na vida seja por falta de carinho, seja por vingança, seja por distração... Ou talvez você seja desprovido de sentimentos, mesmo. Isso não importa contato que saiba o que esteja fazendo - ou você pode ser psicopata, cuidado cara.

Enfim, agora este post é sobre os gays. Assunto que possui uma linha tênue entre preconceito e o risível. Preparem seus respectivos c*s.

Primeiro, antes de tudo, é explicar o que é ser gay. Gay na etimologia mais pura é “alegre”. Um tanto que implicante, não é mesmo?! Porém, o símbolo gay tem o significado de um homem (às vezes até mulheres) que gostam de ficar/namorar/transar com outros homens. O termo mais Cult é homossexual. Até seja altamente aceitável que se considere gay um homossexual, caso tomemos o significado atual da palavra gay na sociedade moderna.

Entretanto, hoje já não há mais consenso do que podemos considerar como gay. O termo por si só já descreve aquele que será rotulado como alguém.. hm... feliz?! Ou então, de bem com a vida, saltitante, etc. Outra coisa é que hoje se considera gay muitas coisas. Sendo mais específico no que digo: O mundo está muito, muito gay.

Golas V, ladies gagas, divas pop, metrossexuais, homens que choram, músicas românticas (esse rótulo se confunde com brega; leia o post específico) e até certas atitude sensíveis; tudo isso é gay. Agrupando essas coisas num mesmo conjunto e olhando elas unidas, invés de separadamente, parece que todas pertencem a um mesmo universo. E pertencem. Originaram-se do mundo gay, surgiram dentro da comunidade gay, num consenso gay. Isso, claro, se tomarmos em consideração gays como os homossexuais que participam ativamente de seu próprio mundo. Vamos por partes.

O mundo gay é aquele fenômeno social que aconteceu ao longo de décadas. Cada época esse fenômeno se renovava. Anos 60 os gays se identificavam de uma forma diferente daquela dos anos 70, 80 e por aí vai. Isso caracteriza um fenômeno social fásico que independe de eras visto que seus integrantes estão sempre presentes, apenas renovando as linhas de pensamento que o integram. Gays (homossexuais) existem e sempre existiram, desde os tempos remotos, até mesmo entre animais. Assim como qualquer “minoria”, eles foram humilhados, sistematicamente segregados porque não se adequavam ao padrão homem branco rico heterossexual - ou seja, os grupos segregados eram/são as mulheres, os negros, pobres e os homossexuais. E como qualquer minoria, os gays se agruparam por interesses mútuos e começaram a criar uma identidade muito particular. Cada época os gays se vestiam, se comportavam, se exibiam de formas diferentes. Entretanto, nenhuma das formas mais se destacou do que aquele gay “rasgado”, afeminado, escandaloso. Daí veio o termo. Alegre, pode até ser, mas eles são apenas uma parcela de todo o mundo o qual representam.

Gays hoje em dia existem dos mais variados tipos. Os enrustidos, por exemplo, os quais são uma grande parcela, estão por aí, casados, namorando com garotas, possuem filhos, mas com desejos reprimidos que de vez em quando saem na forma de uma visita a um site pornô, uma amizade próxima demais de outro homem, atitudes machistas ou violência contra a figura feminina. Homofobia já foi demonstrada estudo após estudo que tem uma raiz em desejos reprimidos. A sociedade vai reprimir o desejo e sai isso: O homofóbico. Diferente de outras minorias que se unem por uma cultura apenas, os gays se unem por uma característica biológica/psicológica que, convenhamos, é algo muito mais difícil da sociedade reprimir por completo. E, francamente, não há enrustido que aceite o rótulo de “gay” porque simplesmente eles nada se parecem com esses gays que tanto saltam pelas ruas e nas mídias.

Apesar de estarem unidos numa causa biológica e não cultural (o que faz com que existam comunidades gays extremamente heterogêneas entre países e até mesmo entre bairros de uma mesma cidade), os gays criaram um movimento social. Criaram sua própria cultura, seu próprio jeito e identidade. Aquelas coisas que citei serem gays surgiram desse meio. Estilistas em sua maioria são gays, então não espere que um homem esteja realmente vestindo uma “roupa de homem” ainda mais se esta roupa estiver na moda. Porém como a sociedade anda aceitando e introduzindo as culturas de minoria num contexto mais mainstream, é lógico que veremos pessoas que não são gays sendo gays. Daí o termo gay adquire outra conotação e outro rótulo. Ser gay não o torna gay no melhor estilo homossexual. Ser gay é um estado, não uma identidade intransferível. É quase “Nossa, isso foi tão gay” ou “Você ouve Rihanna. Que gay!”. Agora se pode identificar o que é gay assim como se identifica o que é de “mulherzinha” ou “Black” ou “da periferia/ de favelado”. Usar ou se identificar com esses estados não torna ninguém como sendo do rótulo. Posso usar roupas de “gay”, ser metrossexual e gostar muito de transar e só gostar de mulheres, assim como posso curtir “Tecnobrega” sem me tornar favelado, ou então, usar dreads sem me tornar um “maconheiro”.
Atualmente gays continuam sofrendo um “bullying” social, entretanto só são segregados por um grupo: Os religiosos. Baseados mais em senso comum do que em lógica, os religiosos gastam seu maior tempo cuidando da vida dos outros e apontando as imoralidades do mundo moderno. Claro que usar gola v, ser metrossexual, ouvir música da hype, apesar de serem coisas gays, muitos religiosos não as consideram assim. Falam que todas estas coisas já saíram do âmbito homossexual e são “comuns”. E por isso eles usam – irônico seria se os religiosos dissessem “claro, isso é gay vocês podem usar/fazer, não tem problema. Eu mesmo uso”. Os religiosos mais ariscos, e certamente mais informados (na verdade menos hipócritas), sabem que tudo isso advém de um universo proibido pra eles e, portanto, preferem se manter em seus ternos, saias longas, vestidos até o pé, evitando músicas do mundo, evitando maquiagem e cuidado masculino excessivo.

Aliás, o próximo post será sobre Crentes. Aquele religioso mais arisco como já citei. Explico melhor o que quis dizer com isso na próxima. Até mais. Xoxo (gay)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Rótulos. Cap. 4: Os Frios



Nós tivemos no post anterior uma leve noção do que são os românticos. São pessoas cheias de idealismo, surrealismo, imaginação, sentimentos à flor da pele, falácias e desilusões. Vivem num mundo encantado onde a realidade não é outra senão a criada por eles mesmos. Cada romântico possui suas características e vimos os bregas, os emos, os literários, as mulheres...

Nesse capítulo vou abordar do rótulo inverso daquele anteriormente falado: Os frios.

Qualquer pessoa que tenha uma visão pragmática das coisas pode ser considerada fria por outras classes. Não é porque eu tenho praticidade interior que eu vou ser frio, não é mesmo? Porém a visão dos românticos sobre as pessoas que só vivem o aqui e agora, sem qualquer imaginação, é de que são essencialmente frias. Vou discutir o que é ser realmente frio.

Frio e calculista. Já ouviu essa expressão em algum lugar? A pessoa que assim é julgada possui um forte caráter impassível diante de atos emocionantes/marcantes/traumatizantes/comoventes. Além disso, é muito racional e leva as coisas sem se deixar guiar por impulsos, tanto que sua imaginação acaba por ser limitada.

É certo que os cientistas (que não acreditam em contos de fadas, segundo a Doutora Grace Augustine do filme Avatar) possui esse caráter racional. A frieza, às vezes, é essencial no trabalho científico. As emoções podem influenciar em nível pessoal a pesquisa tornando-a cientificamente contestável. Qualquer coisa irracional para ciência é inaceitável já que a própria trabalha usando a razão. Então é comum vermos médicos que fingem o seu pesar diante de uma doença, biólogos que dissecam mamíferos sem nem tremer, físicos que ficam indiferentes a milagres religiosos e etc...

Os homens são muito acusados de serem frios. Isso é verdade. Sensibilidade é algo "gay" demais para um homem... No século XIX. Aliás, não! Acho que a sensibilidade masculina já existia antes, mas enfim. Até hoje vemos machões que nunca choraram, que nunca se apaixonaram, que nunca amaram, que só "comeram". A frieza do macho é importante, pois evolutivamente um macho estar de "rabo-preso" numa fêmea significava vício ou preferência e impedia o tão importante fluxo gênico o qual é a distribuição dos caracteres genéticos de uma população de forma a garantir biodiversidade. Já imaginou um macho que possui nos genes resitência contra o câncer não "distribuir" seu dom por toda população? A frieza dos machos garantiu a continuidade da evolução pela seleção das melhores características nos animais!

Outros seres frios são os psicopatas. Sim, eles não dão a mínima de como chegarão lá, mas chegarão, nem que para isso sejam necessários uns estupros aqui, uns homicídios ali. Segundo um texto da internet os psicopatas são:
Ausentes de Culpa; Mestres da Mentira; Manipulação e Egoísmo; Inteligência; Ausência de Afeto; Impulsivos e isolados. São capazes de mentir no próprio polígrafo, pois a mentira é tal enraizada em seu ego que corpo está condicionado a utilizá-la como verdade absoluta. Mesmo sendo frios não podemos dizer que são racionais.

A habilidade frio e calculista é exclusivo dos simplesmente insensíveis. São pessoas que não conseguem deixar fluir suas emoções de modo equilibrado, forçando bloqueios e restrições. Apesar disso, os insensíveis podem ser exagerados, entusiasmados, apaixonados, impulsivos. Entretanto não conseguem se pôr no lugar do outro e isso os torna sem a tal sensibilidade. Ao mesmo tempo podem ser tão pragmáticos que chegam a odiar histórias românticas ou coisas "fofas" por puro senso de realidade. Logo eles conseguem usar sua racionalidade para executar ações sem pôr sentimentos ali e ao mesmo tempo não se interessarem pelos sentimentos alheios caso envolvidos no processo.

Pessoas assim têm dificuldade em achar graça na vida. Fazem as coisas por si, mas pura e simplesmente por hedonismo, prazeres carnais, trabalho, pátria, estudos, etc. Sentem o prazer da vida pelo o que ela é e não pelo o que ela seria se a gente imaginasse. Essa objetividade é a marca principal dos que são rotulados de Frios.

No fundo todos nós somos meio frios. Isso é bem evidente naqueles que possuem muitos “amigos” e acabam por não dar atenção a todos, tratando de forma ríspida, às vezes sem querer, aqueles que nos são caros. É como diz aquela máxima: “Aqueles que mais amamos são aqueles que talvez mais machuquemos.” Então, vamos a algo bem “quebra-gelo” aqui: Você já beijou sua mãe/pai/cachorro/irmão/irmã/tia/tio/avó/avô/namorada/namorado/ficante/amante/noivo/
noiva/filho/filha/amigo/amiga/colega/conhecido/patrão/chefe/diretor/presidente/secretário/parceiro/sócio/primo/prima/primo de 2º grau/primo de 3º grau/tio-avô/avô-irmão/avó-sobrinha/mãe-neto hoje?
Se não fez nenhuma dessas coisas então você pode se considerar alguém frio. Pense em perdê-los um dia. Pensou? E aí?! Não doeu? Não sofreu? Não sentiu como sua vida perdesse sentido caso acontecesse? Não ficou melancólico? Então você é um tremendo dum frio sem coração!

Bom, nas próximas postagens vamos falar de mais uma dose de rótulos antagônicos: Gays e crentes. Mas primeiro, no post seguinte, será a vez dos gays!(uuuiii! Shokay’!)

A tout à l’heure!


domingo, 3 de janeiro de 2010

Rótulos. Cap. 3º: Românticos





Depois de um longo período sem postar nada vamos dar continuidade aos posts de rótulos.
O último foi sobre Nerds e sua intensa participação no anti-social do qual fazem parte. Vimos que "O cara Nerd de hoje é o cara rico de amanhã" e vimos que o mainstream influencia enormemente os nerds. Sendo algo nerd se tornado mainstream então isso deixa de ser nerd para se tornar “considerado”. O cara passa a ser “muito fod*” ou “muito safo” naquilo e não apenas um tremendo de um nerd!
Agora falaremos de uma raça que alguns consideram perdida no mundo de hoje: Os românticos.
Eles não se misturam a outros rótulos. Ser romântico é não ter medo de ser totalmente irreal. Fugir da realidade é comum a eles e a maior parte considera a vida um livro. Alguns acham até que ela não acaba e na verdade está tudo sendo tramado nos bastidores. A soberba é tanta que acreditam serem vítimas de todos. Enfim, os românticos são pessoas que sabem usar a arte com beleza de um conto de fadas ou de um filme cinco estrelas.
Vivemos em meio a românticos e que juram poder mudar a realidade através de seus devaneios loucos. Eles imaginam situações que não aconteceram e vivenciam-nas com tanta intensidade que parece realmente terem sido tragados para outra realidade. A dor de repente ser mentira o que eles idealizavam é tão grande quanto uma espada atravessada no coração (isso foi tão romântico!). Aliás, a arte que eles necessitam na vida é tão grande que tudo que eles imaginam ser o perfeito será sempre teórico, mas expresso na forma de poesias, pinturas, filmes, textos, cartas, correntes de e-mails e outras coisas do gênero.
Ser brega é ser romântico, mas o inverso não é verdade. Mulheres parecem, dessa forma, apreciar também o que é brega. Chavões são bons para ela. Cantadas são uma porta de entrada para o destino dos dois. Frases clichês presentes no que é brega fazem-nas delirar. Músicas bregas são idolatradas por milhões e milhões de mulheres no mundo. Idem aos seus cantores. Hoje em dia o pagode universitário com letras como “Choro toda vez que olho no espelho, toda vez que vejo seu retrato (...)” e “Como eu pude um dia me apaixonar por você?
Como eu pude um dia me envolver com alguém assim? Tão diferente de mim. Tão nem aí pra sonhar (...)” fazem com que moças de todos os cantos do Brasil e de todas as classes sociais se amontoem em casas de shows.
Mulher é um ser romântico por influências da infância e contos de fadas de princesas, mas há aquelas que não estão nem aí para idealizações do futuro. Mas no fundo todas possuem um desejo: De encontrar o homem (ou mulher) perfeito (a) que as façam feliz para sempre. Elas já foram tão ludibriadas na vida que perderam a capacidade de acreditar nisso, mas no seu íntimo infantil ainda aguardam ansiosas o dia em que aquela pessoa esbarre nelas na rua e comecem uma história de amor perfeita. Ser romântico é acreditar que aquela pessoa que lhe falou coisas tão bonitas dia anterior dê uma ligada mais tarde.
Vivemos numa sociedade em que ser romântico é ser bobo. Rotulam as mulheres, os poetas, os músicos bregas, os idealistas e até os emos de românticos. Os poetas fazem poemas cheios de enfeites e babados sobre amor, mas também sabem fazer poemas repletos de luxúria, frieza e maldade. Os músicos bregas fazem letras clichês com cantadas um tanto idiotas ou de dor-de-cotovelo, além de adultérios e platonismo. Os idealistas são à parte, pois romantizam o mundo àquilo que ele realmente não é; conseguindo enxergar beleza onde não há; otimismo em coisas impossíveis, mas nem por isso sonham com um amor para vida toda. Apenas romantizam sua própria vida em alguma área dela. Os emos conseguem fazer uma letra cheia de sofrimento, pesada, com emoções imotivadas e cheia de revolta por si e por outros. Eles são românticos invertidos, ou seja, não vêem a vida como um conto de fadas, mas pioram-na mais do que ela realmente é. Mas por acharem isso muito bonito ainda são rotulados em romantismo.
Aliás, ser romântico advém de uma longa história nas artes. No século XVIII ser romântico estava na moda. Porém ser assim também significava ser blasé e não é o que acontece hoje em dia. É porque ser romântico naquela época era seguir um escapismo nas artes e literatura, ser ufanista, ser libertário, morrer por algo ou sofrer tremendamente a fim de aquilo se realize. Não tem muita relação com o ser romântico de hoje em dia e o qual mais se relaciona com o emos, os chamados verdadeiros neo-românticos. Se bem que ser brega não tem nada a ver com o romantismo do século XVIII e isso logo faz dos emos menos relacionados com um neo-romantismo do que um grupo de pagode.
Você é taxado de romântico então em três situações:
Quando você não consegue viver a realidade como ela é e vive enfeitando-a.
Quando você sonha com algo impossível mais do que com algo possível.
Quando você tem algumas características bregas (lembrando que ter todas significa que você não é só romântico, é brega também).
A astrologia acredita que existem signos naturalmente românticos, como áries, touro, câncer, libra e peixes. Mas separa isso muito bem dos que romantizam sua vida (ou idealizadores) como os de sagitário e aquário, pois estes seriam anti românticos em relações afetivas, porém profundamente idealizadores em outras áreas.
A ciência acredita que ser romântico é um resultado de atividades no cérebro provocadas por alguns neurotransmissores capazes de tornar a pessoa relaxada o suficiente para adquiri-la. Assim como foi postado muito sabiamente por Ivi, do blog Conectivos: “Sabe, quando estou com você, ocorrem descargas neuro-hormonais que aumentam o fluxo de substâncias químicas levando ao relaxamento muscular, vaso dilatação, secreção glandular, salivação, ainda por cima sobem meus índices de feniletilamina, epinefrina, norepinefrina, dopamina, oxitocina, serotonina e endorfinas, e é tudo por sua causa. Ai, ai.. santa hipófise! estou apaixonada.” _ postado em segunda-feira, 4 mai 2009.
Enfim, ser romântico é usar suas capacidades de inteligência que papai do céu lhe deu para sonhar, idealizar, imaginar, assim como uma criança, agigantando pro bem ou pro mal sentimentos, ações, situações, emoções, frases e etc. É ignorar o presente e viver relações futuras, cheias de coisas impossíveis ou sem sentido. Mas também é viver com gosto diferente, cheio de objetivos inalcançáveis só pelo prazer de poder caçá-los. É viver com intensidade e sem barreiras emocionais. É pensar com o coração e olha que ele tem muita razão às vezes. Boa sorte para todos os românticos que estão lendo isso - vão precisar.

Na próxima vamos falar do oposto dos nossos retratados nesse post: Os frios. Vamos falar das pessoas insensíveis, dos homens, dos cientistas, dos psicopatas e até médicos. Até lá!




sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Concurso Cultural Blog "Danilo Miedi"

Aqui vai minha pequena contribuição para o concurso cultural do nosso amigo Danilo. Valeu, malungos!

POEMA (Curto-circuito)

Temos aqui um negócio bem legal,
Chamado de "o concurso cultural".
Eu não sou poeta não, mas vamos lá...
Escrevendo vou vendo no que vai dá.

Disseram-me de várias virtudes
Que poderiam ser escolhidas aqui
Para concorrer pelas vicissitudes
Do meio social que mais uso, enfim.

Escolhi a poesia e vai lá saber
Se isso tudo aqui valherá o suor.
Pois escrever é ofício e prazer:
Dentre minhas virtudes é a maior.

Uma evolução no modo de viver
No meio virtual eu posso sugerir.
Isso que o novo orkut irá promover
É um salto do agora, sim, do aqui.

Escrevo nesta página com o intuito
De promover no senhores juízes
Um leve e agradável curto-circuito
Através das letras eletromotrizes.

Sentem um leve formigamento nas mãos?
Quero mostrar como é bom escrever.
Mesmo que seja para uma promoção,
Eu acredito que as letras tem poder!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Rótulos. Cap. 2º: Nerds





"O cara Nerd de hoje é o cara rico de amanhã" Já ouviram essa frase? Pois é. Hoje o post é sobre Nerds. Continuando os posts sobre rótulos modernos que comecei. No capítulo anterior falei sobre o mainstream que é o rótulo dos tendencistas. Todos que avançam nas modinhas e que fazem parte da cultura pop ou de um estilo alternativo que entrou lá dentro é do mainstream. Você é parte do mainstream, eu faço parte e toda nação também. Qualquer dia, seja o alternativo mais esdrúxulo, ele será parte do mainstream. Ele não é só moda, é também idéias ou alvo de piadas e paródias. É o caso dos numerosos funks criados para vídeos na internet.

O nerd é uma criatura humana que se envolve com coisas modernas e difíceis e se aprofundam nisso a ponto de se tornarem experts até sobre assuntos completamente inúteis para a vida social. Porém hoje a coisa generalizou. Pode ser nerd qualquer pessoa que conheça muito tecnologia, ciência, mas também desenho técnico, filmes, games, música, qualquer disciplina de colégio, equipamentos e etc.

Os nerds de animes denominam-se "otakus". Eles sabem tudo sobre algum assunto relativo, só falam disso, agem assim e mesmo assim, não se consideram nerds. Ora, são nerds, pois hoje em dia se considera nerd "qualquer pessoa ou ser capaz de ser expert em algo que não faz parte da vida social". Porém isso não é completamente verdade, pois também é nerd aquele que conhece aprofundadamente orkut, msn, facebook, twitter, youtube e que hoje FAZ parte da vida social. Então, incluímos do rótulo pessoas que conheçam coisas interessantes à vida pessoal, mas está intimamente ligado com tecnologia avançada.

As crianças de hoje são nerds completos, mas quando crescerem parte vai sair dessa vida e mesmo assim outros da idade dela a terão considerado normal. Muitos dos nossos pais foram considerados "nerds" (se existisse o rótulo na época dos pais deles) pois sabiam mexer com a dificílima datilografia. Vemos então que esse rótulo é completamente subjetivo e muda de época para época. A percepção sobre o que é nerd é progressivo da geração mais antiga para a mais nova.

Os nerds "gamers" também não se consideram nerds. Porém conhecem aprofundadamente cultura inútil para a vida social. É interessante ver que o mainstream se interliga enormemente com o rótulo nerd, pois a vida social depende do que é tendência ou não nele. Se a cultura gamer se tornar de uso comum no mainstream então o nerd gamer passa desse rótulo para mainstream e se torna "considerado". A cada dia a cultura gamer se torna mais presente no mainstream, porém jamais poderá se fixar se não se tornar pop. É o caso de certos games como os do Mario e do Sonic que viraram pop e fixaram a cultura gamer sem por isso fazer uma pessoa que saiba que o Luigi é irmão do Mario seja rotulado de nerd. Os games de futebol no Playstation (carinhosamente chamado de Play) se tornaram pop no Brasil a ponto de tornar o console muito vendido e afastando o rótulo de nerd qualquer um que o tenha em casa e viva grudado jogando nele. Se antes ele era um nerd hoje já é "O cara do Pró evuluxion sóqui".

Os nerds dos anos 80 eram especialistas em tecnologia, sabiam hackear muito bem, especialistas em hardware e software de computadores, gostavam de Star Wars, Jornadas nas Estrelas, HQ americanas e sempre assistiam filmes como "A 1ª vez de un nerd" ou "Os nerds contra-atacam".

Os nerds do anos 90 já gostavam de Metal, conheciam a internet de um relance, participavam de torneios de xadrez, jogavam RPG, viam filmes cult ou trash, jogavam video-game em seus consoles (pois fliperama necessitava uma saída de casa e os nerds dos anos 90 tinham medo de gente), inventaram a pirataria moderna e ficaram cada vez melhores em hackear inventando maneiras cada vez mais disfarçadas de vírus como os trojans, em forma de powerpoints etc.

Os nerds de hoje em dia são muitos e têm habilidades incríveis. Estão na moda e é cada vez mais comum sermos nerds em várias coisas e nem perceber. Já não são rejeitados, lançam tendências, viram ícones, tornam-se desejados pelas mulheres interesseiras (provando que o nerd de hoje é o cara rico de amanhã), dominam os meios de comunicação e às vezes se disfarçam de outras tribos. Estão espalhados por aí e somente uma "laia" ainda salva as verdadeiras caracteríticas nerds: Os Geeks.

Geeks: Os loucos por tecnologia e que parecem os Nerds dos anos 80. Alguns até conseguem relacionar os Geeks com os aquarianos dos astrólogos, pois as características são incrivelmente as mesmas. Têm o pensamento à frente das outras pessoas, são excêntricos, aficcionados por tecnologia, curiosos e têm um raciocínio lógico aceleradíssimo.

Não podemos falar de nerds sem falar da linguagem deles. A maioria usa a escrita do £337(leet) que é a linguagem da "elite" da internet. A linguagem nerd é exclusiva da net e usada em blogs, orkut e fóruns. Porém muitas pessoas trazem para o mundo certos MEMES que são nada mais que frases, imagens ou situações ocorridas em fóruns ou youtube e que marcam. Um deles é o "Tenso. Muito Tenso" que surgiu no Brasil. Porém o mais mundialmente famoso é o "Fail" em Leet ƒ41£. Falar inglês é típico nerd. Falar MEME's é muito nerd, porém está se tornando pop (tão pop a ponto de aparecer na mídia aberta). Escrever em Leet requer um bom conhecimento no teclado ou pelo menos um dicionário Leet ( o qual eu usei aqui hehe). Os nerds normalmente não foram invetores do emoticons (isso é invenção dos alternativos dos quais falarei em outro post), porém usam direto em qualquer lugar. Se você utiliza saiba que está usando de uma cultura que não é nerd, porém está sendo assimilada por eles em meio a leets, MEME's e coisas do gêneros em seus textos no MSN, facebook e fóruns.


No próximo post vamos melar as coisas e sonhar um pouco. Será a vez dos Românticos na qual estão inúmeros grupos como os poetas, os músicos, os idealistas, os Emos, as mulheres e os caretas.
Até a próxima!