domingo, 3 de janeiro de 2010
Rótulos. Cap. 3º: Românticos
Depois de um longo período sem postar nada vamos dar continuidade aos posts de rótulos.
O último foi sobre Nerds e sua intensa participação no anti-social do qual fazem parte. Vimos que "O cara Nerd de hoje é o cara rico de amanhã" e vimos que o mainstream influencia enormemente os nerds. Sendo algo nerd se tornado mainstream então isso deixa de ser nerd para se tornar “considerado”. O cara passa a ser “muito fod*” ou “muito safo” naquilo e não apenas um tremendo de um nerd!
Agora falaremos de uma raça que alguns consideram perdida no mundo de hoje: Os românticos.
Eles não se misturam a outros rótulos. Ser romântico é não ter medo de ser totalmente irreal. Fugir da realidade é comum a eles e a maior parte considera a vida um livro. Alguns acham até que ela não acaba e na verdade está tudo sendo tramado nos bastidores. A soberba é tanta que acreditam serem vítimas de todos. Enfim, os românticos são pessoas que sabem usar a arte com beleza de um conto de fadas ou de um filme cinco estrelas.
Vivemos em meio a românticos e que juram poder mudar a realidade através de seus devaneios loucos. Eles imaginam situações que não aconteceram e vivenciam-nas com tanta intensidade que parece realmente terem sido tragados para outra realidade. A dor de repente ser mentira o que eles idealizavam é tão grande quanto uma espada atravessada no coração (isso foi tão romântico!). Aliás, a arte que eles necessitam na vida é tão grande que tudo que eles imaginam ser o perfeito será sempre teórico, mas expresso na forma de poesias, pinturas, filmes, textos, cartas, correntes de e-mails e outras coisas do gênero.
Ser brega é ser romântico, mas o inverso não é verdade. Mulheres parecem, dessa forma, apreciar também o que é brega. Chavões são bons para ela. Cantadas são uma porta de entrada para o destino dos dois. Frases clichês presentes no que é brega fazem-nas delirar. Músicas bregas são idolatradas por milhões e milhões de mulheres no mundo. Idem aos seus cantores. Hoje em dia o pagode universitário com letras como “Choro toda vez que olho no espelho, toda vez que vejo seu retrato (...)” e “Como eu pude um dia me apaixonar por você?
Como eu pude um dia me envolver com alguém assim? Tão diferente de mim. Tão nem aí pra sonhar (...)” fazem com que moças de todos os cantos do Brasil e de todas as classes sociais se amontoem em casas de shows.
Mulher é um ser romântico por influências da infância e contos de fadas de princesas, mas há aquelas que não estão nem aí para idealizações do futuro. Mas no fundo todas possuem um desejo: De encontrar o homem (ou mulher) perfeito (a) que as façam feliz para sempre. Elas já foram tão ludibriadas na vida que perderam a capacidade de acreditar nisso, mas no seu íntimo infantil ainda aguardam ansiosas o dia em que aquela pessoa esbarre nelas na rua e comecem uma história de amor perfeita. Ser romântico é acreditar que aquela pessoa que lhe falou coisas tão bonitas dia anterior dê uma ligada mais tarde.
Vivemos numa sociedade em que ser romântico é ser bobo. Rotulam as mulheres, os poetas, os músicos bregas, os idealistas e até os emos de românticos. Os poetas fazem poemas cheios de enfeites e babados sobre amor, mas também sabem fazer poemas repletos de luxúria, frieza e maldade. Os músicos bregas fazem letras clichês com cantadas um tanto idiotas ou de dor-de-cotovelo, além de adultérios e platonismo. Os idealistas são à parte, pois romantizam o mundo àquilo que ele realmente não é; conseguindo enxergar beleza onde não há; otimismo em coisas impossíveis, mas nem por isso sonham com um amor para vida toda. Apenas romantizam sua própria vida em alguma área dela. Os emos conseguem fazer uma letra cheia de sofrimento, pesada, com emoções imotivadas e cheia de revolta por si e por outros. Eles são românticos invertidos, ou seja, não vêem a vida como um conto de fadas, mas pioram-na mais do que ela realmente é. Mas por acharem isso muito bonito ainda são rotulados em romantismo.
Aliás, ser romântico advém de uma longa história nas artes. No século XVIII ser romântico estava na moda. Porém ser assim também significava ser blasé e não é o que acontece hoje em dia. É porque ser romântico naquela época era seguir um escapismo nas artes e literatura, ser ufanista, ser libertário, morrer por algo ou sofrer tremendamente a fim de aquilo se realize. Não tem muita relação com o ser romântico de hoje em dia e o qual mais se relaciona com o emos, os chamados verdadeiros neo-românticos. Se bem que ser brega não tem nada a ver com o romantismo do século XVIII e isso logo faz dos emos menos relacionados com um neo-romantismo do que um grupo de pagode.
Você é taxado de romântico então em três situações:
Quando você não consegue viver a realidade como ela é e vive enfeitando-a.
Quando você sonha com algo impossível mais do que com algo possível.
Quando você tem algumas características bregas (lembrando que ter todas significa que você não é só romântico, é brega também).
A astrologia acredita que existem signos naturalmente românticos, como áries, touro, câncer, libra e peixes. Mas separa isso muito bem dos que romantizam sua vida (ou idealizadores) como os de sagitário e aquário, pois estes seriam anti românticos em relações afetivas, porém profundamente idealizadores em outras áreas.
A ciência acredita que ser romântico é um resultado de atividades no cérebro provocadas por alguns neurotransmissores capazes de tornar a pessoa relaxada o suficiente para adquiri-la. Assim como foi postado muito sabiamente por Ivi, do blog Conectivos: “Sabe, quando estou com você, ocorrem descargas neuro-hormonais que aumentam o fluxo de substâncias químicas levando ao relaxamento muscular, vaso dilatação, secreção glandular, salivação, ainda por cima sobem meus índices de feniletilamina, epinefrina, norepinefrina, dopamina, oxitocina, serotonina e endorfinas, e é tudo por sua causa. Ai, ai.. santa hipófise! estou apaixonada.” _ postado em segunda-feira, 4 mai 2009.
Enfim, ser romântico é usar suas capacidades de inteligência que papai do céu lhe deu para sonhar, idealizar, imaginar, assim como uma criança, agigantando pro bem ou pro mal sentimentos, ações, situações, emoções, frases e etc. É ignorar o presente e viver relações futuras, cheias de coisas impossíveis ou sem sentido. Mas também é viver com gosto diferente, cheio de objetivos inalcançáveis só pelo prazer de poder caçá-los. É viver com intensidade e sem barreiras emocionais. É pensar com o coração e olha que ele tem muita razão às vezes. Boa sorte para todos os românticos que estão lendo isso - vão precisar.
Na próxima vamos falar do oposto dos nossos retratados nesse post: Os frios. Vamos falar das pessoas insensíveis, dos homens, dos cientistas, dos psicopatas e até médicos. Até lá!
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2 comentários:
Tenho que confessar que copiei seu texto e colei no word, depois aumentei a fonte a 16 para poder ler. Acho que estou ficando cego.
Bruno, é correto afirmar que o verdadeiro romântico é aquele que tem um certo desequilíbrio mental? Passamos o ensino médio ouvindo isso dos professores de literatura.
Então na maioria dos casos existiriam "carinhosos" ao invés de românticos?
É importante ressaltar a sociedade como culpada do desaparecimento desses românticos.
Sim, creio que sim, Augusto.
O ultra-romântico parece possuir um problema no próprio ego: Ou pequeno demais ou inflado em demasia.
Os carinhosos de hoje em dia que você diz podem ser separados dos românticos ou idealizadores-sonhadores. Sabemos que para ser carinhoso é apenas necessário ser atencioso ou meloso,mas para ser romântico é necessário viver o que não existe.Portanto todos os românticos são carinhosos, maso inverso nem sempre é real.
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