sábado, 6 de outubro de 2012

Rótulos. Cap. 5: Os Gays.

Olá caros leitores, Voltei. Voltei após longos anos sem postar uma única gota neste blog abandonado às baratas. OK, não foi tanto tempo, mas dois anos já dá pra criar um filho, não? Como já havia proposto postar sobre os “rótulos” então resolvi retomar tudo, desde o último, como se nada tivesse acontecido (como se eu não tivesse quase perto de me formar esse ano, coisa que parecia tão longe em 2010... que saudade rs) e vou começar - como dizem por aí pelas esquinas do meu bairro, Guamá - começando.
O último post foi sobre os frios. Os homens, cientistas, insensíveis. Enfim... Você se identificou um pouco com este post. Fale a verdade. Todos nós temos uma frieza em algum momento na vida seja por falta de carinho, seja por vingança, seja por distração... Ou talvez você seja desprovido de sentimentos, mesmo. Isso não importa contato que saiba o que esteja fazendo - ou você pode ser psicopata, cuidado cara.

Enfim, agora este post é sobre os gays. Assunto que possui uma linha tênue entre preconceito e o risível. Preparem seus respectivos c*s.

Primeiro, antes de tudo, é explicar o que é ser gay. Gay na etimologia mais pura é “alegre”. Um tanto que implicante, não é mesmo?! Porém, o símbolo gay tem o significado de um homem (às vezes até mulheres) que gostam de ficar/namorar/transar com outros homens. O termo mais Cult é homossexual. Até seja altamente aceitável que se considere gay um homossexual, caso tomemos o significado atual da palavra gay na sociedade moderna.

Entretanto, hoje já não há mais consenso do que podemos considerar como gay. O termo por si só já descreve aquele que será rotulado como alguém.. hm... feliz?! Ou então, de bem com a vida, saltitante, etc. Outra coisa é que hoje se considera gay muitas coisas. Sendo mais específico no que digo: O mundo está muito, muito gay.

Golas V, ladies gagas, divas pop, metrossexuais, homens que choram, músicas românticas (esse rótulo se confunde com brega; leia o post específico) e até certas atitude sensíveis; tudo isso é gay. Agrupando essas coisas num mesmo conjunto e olhando elas unidas, invés de separadamente, parece que todas pertencem a um mesmo universo. E pertencem. Originaram-se do mundo gay, surgiram dentro da comunidade gay, num consenso gay. Isso, claro, se tomarmos em consideração gays como os homossexuais que participam ativamente de seu próprio mundo. Vamos por partes.

O mundo gay é aquele fenômeno social que aconteceu ao longo de décadas. Cada época esse fenômeno se renovava. Anos 60 os gays se identificavam de uma forma diferente daquela dos anos 70, 80 e por aí vai. Isso caracteriza um fenômeno social fásico que independe de eras visto que seus integrantes estão sempre presentes, apenas renovando as linhas de pensamento que o integram. Gays (homossexuais) existem e sempre existiram, desde os tempos remotos, até mesmo entre animais. Assim como qualquer “minoria”, eles foram humilhados, sistematicamente segregados porque não se adequavam ao padrão homem branco rico heterossexual - ou seja, os grupos segregados eram/são as mulheres, os negros, pobres e os homossexuais. E como qualquer minoria, os gays se agruparam por interesses mútuos e começaram a criar uma identidade muito particular. Cada época os gays se vestiam, se comportavam, se exibiam de formas diferentes. Entretanto, nenhuma das formas mais se destacou do que aquele gay “rasgado”, afeminado, escandaloso. Daí veio o termo. Alegre, pode até ser, mas eles são apenas uma parcela de todo o mundo o qual representam.

Gays hoje em dia existem dos mais variados tipos. Os enrustidos, por exemplo, os quais são uma grande parcela, estão por aí, casados, namorando com garotas, possuem filhos, mas com desejos reprimidos que de vez em quando saem na forma de uma visita a um site pornô, uma amizade próxima demais de outro homem, atitudes machistas ou violência contra a figura feminina. Homofobia já foi demonstrada estudo após estudo que tem uma raiz em desejos reprimidos. A sociedade vai reprimir o desejo e sai isso: O homofóbico. Diferente de outras minorias que se unem por uma cultura apenas, os gays se unem por uma característica biológica/psicológica que, convenhamos, é algo muito mais difícil da sociedade reprimir por completo. E, francamente, não há enrustido que aceite o rótulo de “gay” porque simplesmente eles nada se parecem com esses gays que tanto saltam pelas ruas e nas mídias.

Apesar de estarem unidos numa causa biológica e não cultural (o que faz com que existam comunidades gays extremamente heterogêneas entre países e até mesmo entre bairros de uma mesma cidade), os gays criaram um movimento social. Criaram sua própria cultura, seu próprio jeito e identidade. Aquelas coisas que citei serem gays surgiram desse meio. Estilistas em sua maioria são gays, então não espere que um homem esteja realmente vestindo uma “roupa de homem” ainda mais se esta roupa estiver na moda. Porém como a sociedade anda aceitando e introduzindo as culturas de minoria num contexto mais mainstream, é lógico que veremos pessoas que não são gays sendo gays. Daí o termo gay adquire outra conotação e outro rótulo. Ser gay não o torna gay no melhor estilo homossexual. Ser gay é um estado, não uma identidade intransferível. É quase “Nossa, isso foi tão gay” ou “Você ouve Rihanna. Que gay!”. Agora se pode identificar o que é gay assim como se identifica o que é de “mulherzinha” ou “Black” ou “da periferia/ de favelado”. Usar ou se identificar com esses estados não torna ninguém como sendo do rótulo. Posso usar roupas de “gay”, ser metrossexual e gostar muito de transar e só gostar de mulheres, assim como posso curtir “Tecnobrega” sem me tornar favelado, ou então, usar dreads sem me tornar um “maconheiro”.
Atualmente gays continuam sofrendo um “bullying” social, entretanto só são segregados por um grupo: Os religiosos. Baseados mais em senso comum do que em lógica, os religiosos gastam seu maior tempo cuidando da vida dos outros e apontando as imoralidades do mundo moderno. Claro que usar gola v, ser metrossexual, ouvir música da hype, apesar de serem coisas gays, muitos religiosos não as consideram assim. Falam que todas estas coisas já saíram do âmbito homossexual e são “comuns”. E por isso eles usam – irônico seria se os religiosos dissessem “claro, isso é gay vocês podem usar/fazer, não tem problema. Eu mesmo uso”. Os religiosos mais ariscos, e certamente mais informados (na verdade menos hipócritas), sabem que tudo isso advém de um universo proibido pra eles e, portanto, preferem se manter em seus ternos, saias longas, vestidos até o pé, evitando músicas do mundo, evitando maquiagem e cuidado masculino excessivo.

Aliás, o próximo post será sobre Crentes. Aquele religioso mais arisco como já citei. Explico melhor o que quis dizer com isso na próxima. Até mais. Xoxo (gay)