quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Pássaros de Topázio

Pássaros de Topázio

F#7(b13)
Grandes momentos se fazem fazendo
F/G C7M
E se desconstroem pelo mesmo tempo.
D C#/D
Momentos são passagens de livros,
D A
Escritos a mais de mil anos atrás.
D C#/D
Páginas frias ou sangrias terríveis.
D A F/G
Folhas repletas de um amor e paz.
D C#/D
Momentos se escrevem todo o dia,
D A
Toda vez e cada nova precipitação.
D C#/D
Retratos de palavras em pura agonia,
D A Dm6 Cm6
Simples vontade de teletransportação.
F#7(b13)
Grandes momentos se fazem fazendo
F/G C7M
E se desconstroem pelo mesmo tempo.
D C#/D
Um vinho azedado do sofrimento fácil,
D A Dm6 Cm6
Papéis do passado, pássaros de topázio.
D C#/D
Memórias e fantasmas no meu cercado,
D A7
Vêm e voltam pelo universo do acaso.
D C#/D
Topam de frente com o rastro de fogo,
D A Dm6 Cm6
Queimam papéis premiados de um jogo.
D C#/D
Topam com as visões deixadas de lado
Dm7 F/G A7
Topázio, rocha do passado queimado.
F#7(b13) E7 E4
O amor diz ser essa pedra ao rubro,
F/G C7M
Rosa - avermelhado sanguinolento.
F#7(b13) E7 E4
A paixão fica sem nenhuma ignição,
F/G C7M
Apaga como vela aos bons ventos.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

MAIS frio que o Ártico

Eu sei que serei errado ou infeliz declarando que a morte se fez. A morte do meu eu caloroso. Se reviverá - vai lá saber- um dia?
Já fui muito bonzinho, muito educado, muito mártir, muito frágil, muito sensível, muito carinhoso, muito estranho, muito cantante, muito silencioso, muito mudo, muito secundário...
Mas um dia a decepção veio pelo que eu chamava sonho e o qual se desfez em pó. Ainda juro poder estar errado, mas prefiro ignorar. Quantas vezes um homem teve que ignorar o que não se podia explicar, ou até mesmo tentasse explicar, mas era mais doloroso do que permanecer sem dizer nada?
Foi assim. No momento foi dor, raiva, dúvida, lamento, chateação, desilusão. No seguinte a frieza e rudeza vieram tão de repente e de modo tão natural que eu permiti que essas se assentassem juntas a mim.
Foi como uma reação natural de um organismo debilitado. Um modo de me proteger e resguardar o que ainda não apodreceu dentro de mim. Por fora e por dentro estou cru, como um ovo esquecido no ninho da copa de uma árvore morta num inverno frio... Mas estou protegido. Isso que me consola.
Nada mais me desperta emoção. Nem boa, nem ruim. Pedi para que Deus pelo menos me despertasse emoção, mas isso não ocorre mais. Estou cheio e prestes a explodir, mas minha casca é tão rija que creio que me machucarei numa implosão.
O Ártico agora é minha casa e meu novo ser. Mesmo sem emoção eu ainda tenho sentimentos. Meu maior de todos é a esperança. Esperança de que um dia algo me abrace e me dê calor para eu crescer e sair dessa casca imunda. Eu perdi a alma, mas não o coração e tenho certeza de que Deus vai me dá um sopro de vida para que ela reviva, não para que eu seja feliz nessa terra, mas para que eu não desista de continuar por falta de ânimo. Ânimo é emoção e eu já não o sinto.
Minha esperança ainda não amadureceu para fé, pois é difícil ter fé sem emoção, mas isso é questão de tempo para entender. Eu entendo as coisas quando as sinto, somente assim. Espero que aconteça algo para eu sentir que a fé é mais do que uma alternativa: Seja um caminho.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Entre a idolatria e a fé

Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniqüidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei 1 Samuel 15:23

Quem vencer, herdará todas as coisas; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho.
Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicários, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.


Apocalipse, capitulo 21 versículos 7 e 8

Que fé é essa?

Contra nós mesmos a redenção,
O mundo forja uma tal religião.
Rejeita-se a cultura, pois então,
Desse mundo do qual não pertenço.
Eu venço quando te nego.
Anti-social? Sou sim. Que bom ser.
Não me misturo com o social
Para que ele não me influencie.
Anormal, sou pouco absurdo de viver,
E ainda o mundo acha que estou só.
Estou não. Morrerei e não virarei pó
Já que tenho a benção da vida eterna.
É só seguir meu caminho sem cair.
Puxem-me! Vamos, puxem para vocês!
Eu quero desafios para ficar mais forte.
Que sorte, me arrepio de pensar no pior,
Pois o pior nesse mundo será meu trunfo.
Cordas, carros, pessoas, santas, gritos.
Fé? Que fé é essa? Sobre que dom se fala?
Não uso minha força para louvar errado.
O que é? Tenho te atingido? Tenho sido
Radical?
Legal. Isso é bom! Já estou forte
Então! Não preciso de religião.
Meu Deus é um só! E só a Ele louvarei!
Não serão imagens, nem danças,
Nem músicas que me farão achar
O que vocês fazem algo a seguir.
Esse sou eu.
A boca que louva a Deus
Não pode também louvar a demônios.
Saiam dos seus sonhos e desse mundo!
Minha verdade dói e fere muito.
Essa é a verdadeira verdade:
Dolorosa como a dor do parto.
De fato, poderia ficar calado,
Mas nunca mentir, jamais!
Entre o silêncio e a verdade dita
Prefiro revelar a verdade feito brasa
Que arde os pés e levantando a dor.
Pois covarde é aquele que sabendo
A verdade do Senhor, cala-se...
Perante essa tal sociedade.

sábado, 3 de outubro de 2009

Polêmica - Círio

Há um pouco tempo saiu num jornal veiculado na impressa paraense uma notícia sobre um veto da empresa de aviação TAM a um vídeo sobre o Círio. Bom... o vídeo seria transmitido durante os vôos por um espaço chamado "TAM nas nuvens", passando nas decolagens dos voos domésticos. A declaração da editora que é responsável pelos canais de comunicações de bordo da empresa aérea - uma demonstração o quanto o outsourcing tenta ausentar a culpa da empresa contratante - é que o vídeo possuía forte apelo religioso e por isso foi vetado - um eufemismo de censurado que foi criada depois que censura significou palavrão na ditadura militar brasileira - então se recomendou alterar o vídeo, sem imagens de berlinda, corda, Basílica e etc.
O Hangar Centro de Convenções foi junto ao produtor do vídeo os responsáveis pela idéia de negociar um merchandising turístico para o Pará. A própria presidente do Hangar ficou indignada.
Enfim, foi um erro ou um acerto a censura ao vídeo? Não devo ser parcial em minhas opiniões e sim analisar de forma fria e objetiva a situação- deixando para esses hífens a minha verdadeira opinião entremeada aos discursos mais imparciais. Pois se assim fizesse concordaria enormemente com a decisão de veto ao vídeo para exibição pública, mas não farei.

Nós temos que aceitar, queiramos ou não, sendo praticantes ou não, sendo católicos ou não, sendo contrários ou não, que o círio é uma grande manifestação paraense. Culturalmente enraizada e cheia de religiosidade - ou seja, prática sem consciência imediata, ou então praticada pela maioria como costume e não por fé, como o natal e páscoa que comumente estão relacionados com festas, bebidas, altas baladas e outras porcarias do tipo - ela tem uma importância econômica e cultural gigantescas. Considerada tão ou mais agregadora que o natal por estas bandas daqui.
Assim - apesar de toda a idolatria - a fé está representada de forma inegável pelas suas imagens da multidão, da corda, das ruas tomadas no centro e vazias na periferia, pela berlinda adornada de flores e coisas do tipo. Vemos aí o que o povo paraense significa ou representa ao Brasil, ou seja, a marca de personalidade da região para com os outros estados brasileiros.

A TAM pode e deve alegar que as imagens podem não ser tão bonitas e emocionantes - principalmente porque não são - para todos seus passageiros. Assim se mostra totalmente imparcial e laica. Ao mesmo tempo preconceituosa e culturalmente leiga. Preconceituosa, pois assim como o assessor de marketing do Hangar alegou, se a festa fosse original de outras regiões - fora o Nordeste e Centro-Oeste, menos DF, claro!- não teria sofrido censura. Mas será mesmo? De qualquer forma, o princípio empresarial de imparcialidade - ou seja, "vamos agradar a todos nossos clientes"- deve ser respeitado, pois acredito que a massa de não-católicos no Brasil não deve ser ignorada. A estimativa estatística do próximo censo do IBGE em 2010 é de para uma população total de 192.000.000, os de evangélicos seja 36.480.000, ou seja 19,0% do total. E isso é apenas a massa evangélica, sem contar os de outras denominações e os estrangeiros - totalmente fora do censo - que utilizam os meios aéreos da TAM. Os 19 % significariam de cada 228 passageiros - média de passageiros por comportação de aeronave- aproximadamente 43 passageiros seriam não católicos - o que já dá mais do a quantidade de meus colegas em sala numa prova do módulo Células e moléculas!

Temos que relevar o processo todo, pois a forma em que tratamos os clientes é bem diferente do que acontece em São Paulo. Nossas emissoras de tevê local ignoram completamente a massa da população paraense que não tem costumes católicos veiculando propagandas cheias de motivos do círio - às vezes sendo os produtores desses comercias nem tendo religião, mas promovendo-os apenas para abocanhar uma parcela realmente grande da população- e que acaba até por afastar essa crescente população não-católica. Mesmo assim, a grande massa é católica e a festa do círio consegue ser mais turística do que qualquer outra coisa - principalmente religiosa.

A realidade não pode ser tapada com a peneira. Vemos realmente no dia do círio a multidão mostrando na cara, no suor e nas lágrimas - sangue até- toda fé naquilo que elas acreditam com todo coração. Porém vemos também um dia antes disso uma parte dessas mesmas pessoas esperando o dia seguinte em festas, como a Festa da chiquita, famosa pela sua... erh... Diversidade de público. Mas também tem muitas outras como "véspera do círio na Casa de Reboco" ou no "Forró no Sítio" onde o motivo religioso se perde totalmente. Sem contar as "milagrosas" - merecendo umas aspas enormes-" Ressacas" em duas versões: Círio e Recírio; onde o povo que ali se manifesta dia seguinte, como por um milagre, está novinho em folha depois de ter passado pelo sufoco da corda para um forrozinho, uma caipirosca ou uma boa pegação.

Afinal, o círio que tinha uma motivação religiosa, perdeu-se. A cultura do paraense, aquele que se moderniza, está mais para uma coisa completamente do Mundo e nada mais que isso.