segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Rótulos. Cap. 1: Mainstream
Vou falar de coisas um pouco diferentes dessa vez. Temo ser um pouco mal-interpretado, mas faz parte da vida. Quero falar um pouquinho sobre os rótulos. Bem pouco mesmo. Mas não, não é o rótulo de produtos. São rótulos de gente.
Quem nunca foi rotulado? De chato, brega, rockeiro, materialista, invejoso... Enfim, coisas afins só por causa de uma ou duas atitudes. Assim, cria-se uma imagem pré-definida que é mais fácil de ser avaliada e refletida sobre algum adesivo pregado em você. É preferivelmente mais fácil falar que você é "algo" e dar já características para esse "algo" à priori, levando a pensarmos que todo rótulo vem seguido de um preconceito.
Os "posers", como são chamados aqueles que querem ser rotulados de uma coisa, porém na verdade apenas posam daquilo; são exemplos de non-mainstream que ousam vestir uma roupa do que não são a fim de receber os preconceitos, pois gostam da idéia de pertencer a algo. Alguns de nós somos posers de várias situações da vida e outras vezes fazemos isso inconscientemente(e inconsequentemente) e não de propósito.
Postarei vários rótulos ao longo das postagens. Entre eles o Nerd, o Romântico, o Frio, o Gay, o Crente e o Alternativo. Todos eles são rótulos utilizadíssimos nos tempos modernos e a maioria é desconhecida de sua essência.
Nessa 1ª postagem vou falar sobre um dos rótulos da modernidade: O mainstream.
Exatamente aquilo que é usual é um rótulo também.
Seguido pela maioria das pessoas que tem (e também pelas que não possuem) a mídia em sua vida. Nós seguimos o mainstream a toda hora de forma inconsciente e nos deixamos levar por modismos, músicas, livros, filmes e outras coisas que pelo menos o mundo inteiro conhece. O mainstream surgiu com a globalização, tanto que o significado dele só tem validade se tomarmos a comunidade humana inteira(com acesso a mídia)do planeta. Os que não a tem acesso são excluídos do conceito de mainstream e normalmente não participam dele.
É difícil imaginar que até uma criança do beco do escorrega mais profundo da periferia chinesa conhece "Poker face" tanto quanto uma australiana da cidade de Sidney. A realidade é que a cultura pop é um sinônimo para o mainstream, porém este não pode o ser para o pop, pois mainstream também é qualquer tomada de decisão ou reação sobre algum pensamento ou notícia em conjunto. Por exemplo, o que a maioria do mundo pensava sobre a eleição dos EUA? Não era em Barack Obama? Pois então. Barack Obama virou pop, porém a idéia da maioria sobre a vitória dele nas eleições americanas não é pop: É mainstream.
É de mainstream imaginar que uma banda famosa é rica e gostar dela por causa disso. Independe da banda ser pop ou não... Uma banda Indie fazendo sucesso é adequar ao mainstream esse estilo musical. Porém diferente do pop, o mainstream é exclusivo e mutante. É um monstro que faz oscilar as preferências do povo de forma muito sensível (às vezes por causa de um único vídeo no youtube ou uma música num filme)engolindo estilos alternativos, tornando-os pop e depois vomitando todos de volta às bordas do que é "moderno".
Muitos dizem que os donos da mídia é que controlam o mainstream, mas isso não é verdade. O mainstream é ultra-sensível a qualquer estímulo novo ou estranho. Os que fazem parte do mainstream é que geram as tendências que vão oscilar até cair em desuso. É o caso do Twitter. Não foi a mídia que o fez famoso. Na verdade ela começou a divulgá-lo depois que se tornou famoso no mundo inteiro. Algumas pessoas o tornaram tendência e foram percursores do que a mídia apenas sustentou. Quem cria é o próprio povo hoje em dia. A mídia apenas carrega até onde o povo disser: "Chega! Enjoamos já!".
Você pode ser rotulado de mainstream por todas as tribos existentes. Isso depende de quais tribos se fundiram temporariamente ao mainstream. Se From UK, Visual kei e All-star estiverem lá, dificilmente coexistirão dentro outros estilos de vida. Esses estilos ficam fora cá rotulando todos que estão dentro. Porém quando os que estão dentro forem rejeitados e postos pra fora, voltarão a ser "de borda" até uma nova onda onde eles terão suas características em "renew", gerando novas tendências. O mainstream existe há muito tempo, mas ficou mais forte com a globalização e o advento da internet.
Se você curte a série Crepúsculo desde o início, mas acha que hoje é mainstream, "modinha", então saiba que você é um caso que não se enquadra nele. É a Síndrome Underground. Sindromáticos underground odeiam o mainstream e odeiam ainda mais quando ele "abduz" seu gosto alternativo ou "de borda" para dentro do turbilhão da cultura popular. A síndrome underground não se relaciona diretamente ao mainstream, mas sim ao pop, pois idéias alternativas abduzidas para o mainstream parecem (estranhamente) sempre bem-vindas.
Na próxima postagem trataremos do rótulo Nº 2: Nerds.
Até a próxima!
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2 comentários:
Massa, acabei de descobrir que sofro de síndrome de underground. Algumas coisas ficaram meio confusas mas receio que seja falta de compreensão minha
aguardo
Achei este texto muito bem escrito e incisivo, você está de parabéns! Se você não escrever nada sobre o underground, eu escrevo, pois já estou com essa idéia a muito tempo. É extremamente curioso porque ele é um movimento que só existe em oposição ao mainstream e fica mais forte proporcionalmente à "distância" entre os dois. Um exemplo delicioso são as rivalidades entre estilos musicais.
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