Eu sei que serei errado ou infeliz declarando que a morte se fez. A morte do meu eu caloroso. Se reviverá - vai lá saber- um dia?
Já fui muito bonzinho, muito educado, muito mártir, muito frágil, muito sensível, muito carinhoso, muito estranho, muito cantante, muito silencioso, muito mudo, muito secundário...
Mas um dia a decepção veio pelo que eu chamava sonho e o qual se desfez em pó. Ainda juro poder estar errado, mas prefiro ignorar. Quantas vezes um homem teve que ignorar o que não se podia explicar, ou até mesmo tentasse explicar, mas era mais doloroso do que permanecer sem dizer nada?
Foi assim. No momento foi dor, raiva, dúvida, lamento, chateação, desilusão. No seguinte a frieza e rudeza vieram tão de repente e de modo tão natural que eu permiti que essas se assentassem juntas a mim.
Foi como uma reação natural de um organismo debilitado. Um modo de me proteger e resguardar o que ainda não apodreceu dentro de mim. Por fora e por dentro estou cru, como um ovo esquecido no ninho da copa de uma árvore morta num inverno frio... Mas estou protegido. Isso que me consola.
Nada mais me desperta emoção. Nem boa, nem ruim. Pedi para que Deus pelo menos me despertasse emoção, mas isso não ocorre mais. Estou cheio e prestes a explodir, mas minha casca é tão rija que creio que me machucarei numa implosão.
O Ártico agora é minha casa e meu novo ser. Mesmo sem emoção eu ainda tenho sentimentos. Meu maior de todos é a esperança. Esperança de que um dia algo me abrace e me dê calor para eu crescer e sair dessa casca imunda. Eu perdi a alma, mas não o coração e tenho certeza de que Deus vai me dá um sopro de vida para que ela reviva, não para que eu seja feliz nessa terra, mas para que eu não desista de continuar por falta de ânimo. Ânimo é emoção e eu já não o sinto.
Minha esperança ainda não amadureceu para fé, pois é difícil ter fé sem emoção, mas isso é questão de tempo para entender. Eu entendo as coisas quando as sinto, somente assim. Espero que aconteça algo para eu sentir que a fé é mais do que uma alternativa: Seja um caminho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário